terça-feira, 8 de novembro de 2011

"A chama não se apagou. Nem se apagará..."


A nossa querida Angélica Ventura fará um show no dia 19 de novembro. Angélica já emprestou a voz para a Roda Livre do Mulheres Bambas e encanta sempre que canta.
O Infiéis estará lá e você não poderá perder!
Espaço Cultural Correia Lima
Rua Bento Lisboa, 58  - 1º Andar - Catete - RJ
R$ 20,00 Inteira
R$ 10,00 Meia


"Sem medo de comparações, com a força do passado  e a doçura na voz, Angélica Ventura chega ao cenário  do samba para resgatar o lirismo e o romantismo de  outros "carnavais". Prima de Luiz Carlos da Vila,  compositor de grandes sucessos, a jovem cantora não  deixa a chama se apagar e traz aos amantes do  samba aquilo que parecia estar perdido. Angélica  Ventura pede passagem e quer "conquistar o que  sonhou, fazer por merecer, se iluminar, com a luz que  há no vencedor..."
Nascida no subúrbio de Irajá, Angélica sempre viveu  rodeada por discos de vinil. Cresceu acompanhando a  mãe, D. Nelly, ouvindo os programas da Rádio MEC e  Rádio Nacional enquanto imitava os artistas na sala. Foi assim que vislumbrou a música, ainda pequena,  ao som de Elizeth Cardoso, Dalva de Oliveira, Geraldo  Pereira, Lupicínio Rodrigues, Cartola, Clara Nunes,  Chico Buarque, Elis Regina, Elza Soares, Beth Carvalho  e tantos outros, que hoje, são suas referências  musicais.
No início dos anos 90, incentivada pela professora de  Educação Artística, decidiu soltar a voz, entrando  para o Coral do Colégio Nossa Senhora da  Misericórdia, na Tijuca. O colégio sempre foi pequeno para tamanho talento,  mas com o passar do tempo  surgiram as responsabilidades e a vocação foi deixada  de lado.  Alguns anos depois percebeu que não  poderia ficar longe dos palcos. Em 2008, com o  falecimento do primo ilustre, Angélica voltou a  cantar, porém, agora, com a chance de dedicar-se as  aulas de canto, aprimorando a voz já tão potente.
Desde então, vieram apresentações ao lado de outros  grandes talentos, entre eles, o Grupo Berço do Samba, na Lapa; na Lona Cultural de Vista Alegre,  com Dorina e o Grupo Samba com Atitude; no Palco  do Carioca da Gema, em homenagem à Luiz Carlos da  Vila; na Roda de samba do Buteco da Esquina, em  Duque de Caxias, no programa de Adelzon Alves, na Rádio Nacional, ao lado do Grupo Doce Refúgio e no  evento “Mulheres Bambas do Samba” promovido  pela Associação Carnavalesca Infiéis,  no Cedim em  Agosto/11.
Hoje, mais dedicada à carreira de cantora, Angélica  Ventura quer conquistar os saudosos corações populares. Com sua voz e seu enorme talento  Angélica quer mesmo é deixar o seu recado: "...O  tempo que o samba viver. O sonho não vai acabar..."

Por Raoni Alves





quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Infiéis por Aí, nas terras da Moreninha


"É com esse que eu vou sambar até cair no chão
É com esse que eu vou desabafar na multidão..."
 Essa história será um pouco grande, pois teremos que falar sobre uma Ilha, uma confraria, uma casa, um trio, uma intérprete-musa e um compositor centenário.
No sábado, 15 de outubro, dia do mestre, o Infiéis por Aí pegou uma barca rumo ao fundo da Baía de Guanabara. Ia para o mais diferente dos bairros da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro: o bairro de Paquetá. Para conhecer a Casa de Artes Paquetá e ouvir a nossa grande mestre e musa Cristina Buarque e o Terno Carioca na execução das músicas de Pedro Caetano.
O bairro lembra um subúrbio que está mais vivo no inconsciente coletivo que na história. O bairro/ilha conserva esse ar meio cidade do interior, por duas particularidades: sua arquitetura e a ausência de automóveis. Lá pelas ruas sem pavimentos e bucólicas você tropeça em bicicletas, triciclos, cavalos e charretes. E como Augusto do “A Moreninha” acaba cultivando um romance duradouro.
O Show foi fruto de uma parceria entre a Confraria de Paquetá e a Casa de Arte de Paquetá. A primeira impressão pode ser a de que invadimos um clube e que não passamos de um intrusos. Mas não nos deixemos levar pelas aparências, pois ela é fruto do estranhamento de quem não vive em um lugar pequeno onde todos se conhecem e cultivam uma síndrome do anônimo entre seus pares. E como não era um sábado de sol a Ilha estava quase vazia de turistas.
A Casa de Artes Paquetá fica numa bela construção arquitetônica. É um Centro Cultural com música, exposições, cursos, Centro de Memória e etc. Íamos esquecendo que no jardim da Casa, protegido por árvores, frutos e flores o Arte & Gula Café  nos oferece exatamente: cultura para o paladar.
O Terno Carioca que acompanhou a Cristina Buaque no show é um trio formado por Lena Verani (Clarineta), Pedro Aragão (bandolim e violão tenor), Luiz Flavio Alcofra (violão). Para completar participou do show Gabriel no pandeiro. O Terno Carioca gravou um CD interpretando músicas de Claudionor Cruz (2009) que foi o principal parceiro de Pedro Caetano.  Nada mais natural acompanharem Cristina Buarque nesse passeio musical.
Cristina Buaque é musa do Infiéis. Se já não bastasse sua ternura musical, seu timbre e extensão vocal, coerência de repertório para conquistar o coração do Louva Deus ela é guardiã, pesquisadora e divulgadora do samba. Quando pensamos em um compositor pouco gravado podemos ter certeza de encontrar na voz dela a materialização do nosso desejo musical.  Então ver e ouvir Cristina Buarque é sempre uma satisfação certa. Resultado: Pedro Caetano desfilou nas notas perfeitas do Terno Carioca em belos arranjos coroados pela voz da nossa interprete-musa.
Pedro Caetano (1911-1992) escreveu seu nome entre os maiores compositores do Brasil através de sambas, choros, valsas e marchinhas carnavalescas, autor prolífero (mais de 400 músicas) nunca se dedicou apenas a música dividiu com ela o comércio de sapatos.  Foi gravado pelos maiores intérpretes de todos os tempos.
Para saber mais:
Deu depoimento ao programa Ensaio da TV Cultura em 1973. (Lançado em CD em 2000)
Escreveu o livro:

CAETANO, Pedro. 54 anos de Música Popular Brasileira: o que fiz, o que vi. Pallas : Rio de Janeiro, 1988. 175 p.

E para aqueles que ficaram com saudades da Ilha de Paquetá segue uma dica:
Dia 23 – Domingo – 12:00hs tem a tradicional Roda de Samba em Paquetá, lá no Bar e Restaurante Tia Leleta.
Vá e divida com a gente.
Saudações Infiéis!

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Infiéis por Aí


Mário, Tânia e Angélica

Na sexta feira dia 07 de outubro alguns sócios do Infiéis foram ao “Samba Identidade Nossa”, no Centro Cultural Calouste Gulbenkian. É muito bom ver um Centro Cultural fazendo mais do que cumprir seu papel cultural e educativo (e olha que têm muitos que nem mesmo isto fazem!). O que representa fazer mais? Simplesmente tornar o “Centro” do nome mais que uma simples eferência figurativa. A decisão do Calouste de abrigar o projeto dá uma vitalidade que é tão necessária para os espaços públicos de cultura. Vamos torcer para que o exemplo seja seguido.


O Projeto “Samba Identidade Nossa” idealizado pelo Ierê Ferreira, é mais que uma roda de samba: Tem exibição de arte, fotografias que nos fazem arrepiar e filmes que nos levam a pensar. O Terno de Cambraia (para quem não sabe o nome é uma referência aos ternos dos nossos amados Malandros) manda muito bem. Seu repertório é variado, mas não fere o gênero que aos infiéis comanda e encanta. Coroando a magia há as homenagens aos mais que queridos compositores . Resultado: Na Roda Samba Identidade Nossa a noite é perfeita!
Janaína Moreno
 Na sexta dia 07, depois da introdução musical do terno de Cambraia, nos encantamos com a voz da mineira Janaina Moreno (quem nunca ouviu não sabe o que está perdendo).
A própria Janaina foi a porta voz da homenagem ao Compositor Serginho Meriti. A partir de então a homenagem que se fazia transfigurou-se em homenagem do compositor a uma plateia embevecida...
Não é o máximo? Se você perdeu, não fique triste dia 21 de outubro tem mais Samba Identidade Nossa. E o Infiéis por Aí já virou freguês.
Saudações Infiéis!
Janaína Moreno e Serginho Meriti


quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Samba Identidade Nossa


O Louva Deus aplaude e por isso nós divulgamos uma nova roda de samba na cidade. A primeira foi mês passado e acontece toda primeira sexta feira do mês. Se a Roda é Boa o Infiéis está lá:
Samba Identidade Nossa
Dia:  SEXTA, 07/10
Local: Centro Cultural Rua Calouste Gulbenkian, Benedito Hipólito 125, Praça Onze (EmFrente ao Terreirão do Samba).
Roda de Samba com o Grupo  Terno de Cambraia.
Homenageados: Serginho Meriti e Jananiana Moreno.
Além da Roda de Samba tem a projeção de um filme "Samba no Buraco do Galo 15 anos de Resistência Cultural."
Preço: R$ 10,00 Homens e R$ 5,00 Mulheres.
Saudações Infiéis e até lá!
 
Segue a divulgação que o nosso amigo Ierê nos enviou:

Todo primeiro sábado do mês, a comunidade de Oswaldo Cruz se reúne na Rua Dona Vicência, para O Samba no Buraco do galo, além de roda de samba, é um movimento cultural que resiste ao tempo e às mídias como um espaço que revive grandes compositores e também possibilita o surgimento de novas composições e de novos artistas. O evento é comandado pelos compositores Edinho Oliveira e Elias José, que, junto com a comunidade, mantém vivo e latente um espaço considerado um dos berços do samba no subúrbio do Rio de Janeiro. O filme, Samba do Buraco do Galo, 15 anos de resistência cultural, retrata um momento onde o Samba é o personagem principal e, sem ensaio ou texto decorado, deixa clara a importância de Oswaldo Cruz, seus Sambas e sambistas para a Cultura e a resistência da música popular Brasileira.



Contamos com a presença de todos e com a ajuda na divulgação e no fortalecimento desta que é nossa cultura maior o samba.

Centro de Artes Calouste Gulbenkian,
Rua Benedito Hipólito nº 125 • Praça Onze,
( esquina com rua Marques do Pombal,
em frente ao Terreirão do Samba, ao lado do Sambódromo e do Edifício Balança mais não cai)
 
PROGRAMAÇÃO MUSICAL  
SEXTA, 07/10
RODA DE SAMBA 
Terno de Cambraia
Homenagem ao cantor e compositor Serginho Meriti
E participação especial da cantora Janaina Moreno
  Projeção do filme: Samba do Buraco do Galo 15 Anos de Resistência Cultural.

                                                                           19 horas 
R$ 10,00 - Homem
R$ 5,00 - Mulher
Salve a Praça Onze!
 

sábado, 1 de outubro de 2011

Infiéis por aí


Foto: Kiko Vieira
O Infiéis por aí foi ao Encontro Marcado com Wilson Batista (projeto 7 em ponto – Teatro Carlos Gomes), e lá conferiram o que já sabiam: que o espetáculo e o disco são dignos de figurar na agenda dos mais exigentes amantes do samba.
Para aquecer,  os pesquisadores, cantores e atores Rodrigo Alzuguir e Claudia Ventura cantaram quatro músicas, entre elas o “Ganha-se pouco mas é divertido” e “Chico Brito”, regadas a cachaça e carisma. O show  propriamente dito começa a partir de  um panorama da vida de Wilson com trechos da peça que ficou em cartaz e rolou por aí em 2010 e 2011. Wilson Batista está lá com todas as suas paixões: mulheres, futebol, boemia. O Cronista do Samba é retratado de forma tão divina que é impossível não sair do espetáculo com a consciência de amplitude de sua obra e irremediavelmente apaixonado pelo grande compositor.
Para completar o que já era perfeito, Cristina Buarque, Tantinho da Mangueira e Marcos Sacramento interpretaram as músicas que cantam no CD. Na saída do Carlos Gomes ficou uma ponta de saudades do Sarau Infiéis 2008, aquela singela homenagem do Louva Deus ao nosso Cronista do Samba.
Quanto ao CD o que podemos dizer  é que para os Infiéis e os nem tanto vale a pena adquirir essa jóia da discografia:
“O Samba carioca de Wilson Batista” – Biscoito Fino - 2010
O CD é duplo com 44 músicas, CD 1 com convidados interpretando músicas em sua maioria raras ou inéditas de Wilson Batista. CD 2 tem o repertório do espetáculo teatral.
Wilson Batista por Infiéis:
Wilson Batista era o sambista da "Esquina do Pecado", um reduto dos sambistas em início de carreira, uma espécie de Café Nice, porém para os pobres. Onde se reuniam os sambistas da vertente da malandragem, da vadiagem, da orgia, da gandaia.  Já os freqüentadores do Café Nice representavam o sambista respeitável, boêmio, mas, profissional.  Wilson sempre quis viver de música. Em 1929, com apenas 16 anos  fez seu primeiro samba « Na estrada da vida », lançado pela Araci Cortes (na época estrela do Teatro Recreio e a cantora mais popular do Rio de Janeiro).  O seu primeiro samba gravado, aparece em 1932,  "Por favor vai embora", parceria com Benedito Lacerda e Osvaldo Silva lançado por Patrício Teixeira na Victor. Ainda na década de 30 o seu samba « Desacato » em parceria com Paulo Vieira e Murilo Caldas é gravado pelos três grandes intérpretes da época : Francisco Alves, Castro Barbosa e Murilo Caldas.
Polêmica :
Em 1933, Sílvio Caldas gravou na RCA Victor o samba "Lenço no pescoço",  com uma letra que é pura apologia ao malandro. O samba traça o retrato perfeito do malandro carioca do início do século 20, iniciando a conhecida polêmica  com Noel Rosa que rendeu belos sambas de ambas as partes. Para além da polêmica a obra de Wilson Batista é grandiosa. Os bairros, os bondes, tudo era referencial na música de Wilson.  Suas músicas falam do dia-a-dia da favela, dos subúrbios, das Escolas de Samba, da boemia, pintando um retrato do Rio de Janeiro que nos permite ir além da musicalidade e tocar a vida dos seus personagens, como viviam, o que sentiam, quais seus problemas cotidianos. O amor que enlouquece, a dor que dilacera com a separação, a mágoa, a vingança, o amor fingido, comprado, alugado, o amor incondicional... A dureza do batente, o lazer, a orgia, o trabalho duro, as relações familiares, a condução... enfim os espaços físicos e emocionais por onde transita o homem comum da primeira metade do século XX estão  lá nas composições de Wilson Batista. A beleza  de sua melodia representa um nível de criatividade e padrão estético diferenciado. Basta ouvir os clássicos “Meus Vinte anos”; “Nega Luzia; “Chico Brito” e “Mãe Solteira” para descobrir o que há de inovador no samba de Wilson Batista. Sua variação musical é enorme, ajudou a formar o samba de breque: “Acertei no milhar” (Geraldo Pereira foi incluído como parceiro a pedido do cantor Moreira da Silva, que a lançou em 1939). Sem contar os grande sucessos para o carnaval, e outras marchas imortais, entre elas: « Boca de Siri » uma música totalmente referencial com citações de várias músicas ; e a bela « Mariposa » que veio ao mundo para morrer queimada... O seu último sucesso do carnaval carioca foi "Cara Boa", marchinha composta em parceria com Jorge de Castro e Alberto Jesus, gravada por César de Alencar.
 Um capítulo a parte é o futebol. Chegado a uma boa confusão e flamenguista doente, cantou as alegrias e agonias do futebol, as esperanças, as tristezas, descreveu o sofrimento da derrota em « E o juiz apitou », a alegria e a festa da torcida em « Samba Rubro-Negro ». Fez ainda o "Rei do futebol", com Jorge de Castro. Na década de 50 a marcha   "Mané Garrincha"   que homenageou o jogador Garrincha, do Botafogo. Além do seu sucesso "No Boteco do José", música que tira sarro da torcida do Vasco (que na época tinha um dos melhores times do Brasil) sucesso na voz de Linda Batista no carnaval de 1946.
A vida dura :
Constantemente sem dinheiro, trocando dia pela noite muitas vezes vendeu composições suas. O português Germano Augusto, que era mestre em "descobrir" músicas entre os freqüentadores da zona do baixo meretrício tornou-se logo seu amigo. E através deste conheceu o bicheiro China, para quem vendeu várias músicas.  Dava parceria e assinava as músicas com o nome da mulher ou do tio para fugir dos credores.
Censura :
Na década de 1940, sua temática muda, não apenas pela influência de novas parcerias, mas principalmente pela proibição por parte do Estado Novo,  da exaltação da malandragem.
É assim que nasce seu « Bonde São Januário » em parceria com Ataulfo Alves, que faz apologia ao trabalho. A música foi cantada de forma diferente no carnaval de 41:  no lugar de  "O bonde São Januário/Leva mais um operário/Sou eu que vou trabalhar", eram cantadas duas versões: "O bonde São Januário  leva mais um otário/Eu é que não vou trabalhar" e a versão das torcidas "O bonde São Januário um português otário/Pra ver o Vasco apanhar".
 Morre em 07.07.1968.
Já abatido e doente,  morre sem dar seu depoimento ao Museu da Imagem de do Som aos 55 anos.

Para Saber mais:
GOMES, Bruno Ferreira. Wilson Batista e sua época:  Rio de Janeiro: Funarte, 1985.
MATA, Claudia. Acertei no milhar : Samba e malandragem no tempo de Getúlio. Rio de Janeiro : Paz e Terra, 1982.
PIMENTEL, Luís; VIEIRA, Luis Fernando. Wilson Batista: Na corda bamba do samba (Perfis do Rio) Rio de Janeiro: Relume Dumará; Rio Arte, 1996.

Para ouvir:
Wilson Batista. Funarte. ( 1985)
Ganha-se pouco, mas é divertido. Cristina Buarque (2000)


quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Naldo da Portela é homenageado do Rodas em Dia de Graça, no GRANES Quilombo

Assistente social e militante de algumas organizações sociais, Naldo é um dos fundadores do Grupo de Samba "Só Raízes", que surgiu na Pedreira (Pavuna). Autor de sambas vitoriosos na GRES São Clemente em 2008 e 2011. A Portela, sua escola, desfilou três anos com sambas seus: "Brasil Marca A Tua Cara e Mostra Para o Mundo" (2006), "Derrubando Fronteiras, Conquistando a Liberdade" (2010), "Rio, Azul da Cor do Mar" (2011). Desde 2005, o grupo "Só Raízes" comanda a roda de samba do Pagode da Ala dos Infiéis.
O GRANES QUILOMBO fica na rua Ouseley, nº 810 - Acari - Fazenda Botafogo - próximo a Estação do Metrô.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Sábado tem IV Sarau Musical em Santa Teresa

A Associação Carnavalesca Infiéis tem o prazer de convidar  para o IV Sarau Musical Infiel, que neste ano homenageia Alcebíades Barcelos - o Bide

Anualmente a A.C. Infiéis elege um sambista de outrora (primeira metade do Século XX), que tenha contribuído para a formação do samba e prepara uma homenagem. Já tivemos o prazer de reverenciar os mestres Wilson Batista, Ismael Silva e Geraldo Pereira, e neste ano o homenageado é o não menos magnífico Alcebíades Barcelos. Bide nasceu em Niterói e mudou-se ainda criança para o bairro do Estácio, em 1908. Na década de 20, começou a frequentar as rodas de samba do bairro. Compôs, em 1927, o samba “A Malandragem”. No mesmo período conheceu o cantor Francisco Alves, que adquiriu e gravou o samba (Odeon, 1928). Em 1928, fundou com Ismael Silva, Baiaco, Brancura, Mano Aurélio, Heitor dos Prazeres, Mano Rubens, Nilton Bastos e Mano Edgar a primeira Escola de Samba, a “Deixa Falar”. A ele se deve a introdução do surdo e do tamborim no acompanhamento dos sambas cantados pelos componentes da “Deixa Falar”. Duas músicas suas foram cantadas pela Escola (1932): “O Meu Segredo” e “Rir Para Não Chorar”. Foi, juntamente com o parceiro Marçal, um dos principais formadores do chamado “samba do Estácio”.
Contamos com a participação de todos para fazer uma bonita festa!
O IV Sarau Musical Infiéis será sábado 10/09 no Largo do Curvelo, em Santa Teresa, às 16h. 
Seguem duas pérolas da parceria Bide-Marçal, interpretadas por Mestre Marçal: (programa Ensaio, TV Cultura, exibido em 1991)

Velho Estácio (Alcebíades Barcelos, Armando Marçal)

Agora é cinza (Alcebíades Barcelos, Armando Marçal)

 

Para saber mais:

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O Infiéis e os Infiéis





Um dia, um grupo de amigos amantes do samba e do carnaval experimentaram um Banzo compreensível com o fim das comemorações Momescas.  Esse banzo era o vazio deixado pela quarta feira de cinzas, a entressafra em que parece que tudo para, e o samba entra em recesso para dar espaço ao labor, como remédio resolveram se reunir um mês depois do carnaval.  O lugar escolhido parecia improvável para o samba “A casa do gringo” a casa de um americano não sambista, mas muito musical. Colocaram a panela no fogo e muitos sambas a tocarem. 
 Sentiram-se felizes em adiar a dor do dia-a-dia  na preparação de um dia de folia. Parecia que aquela época mágica em que o samba reina absoluto, tinha voltado naquela tarde de sábado.  No ano seguinte chamaram um grupo de pagode, o “Só Raízes” e aquele quintal de casa de vila se transformou em um lugar religioso onde o samba era adorado, regado em caldos borbulhantes em calor aromáticos e cervejas gélidas, sem esquecer uma humilde sombra de uma árvore aprisionada em um vaso, ali a folia transpirava e germinava, deu-se o nome de Pagode da Ala dos Infiéis. 
Pagode: "uma reunião íntima regada a bebida e comida". Infiéis por levarem em conta a conjunção: identificação com samba / preço, na hora de escolherem em que ala e Escola desfilariam e não suas paixões pelas bandeiras. Nascia a tradição da aparência de traição disfarçando a fidelidade ao essencial.
Aquele grupo de 20 amigos, copiando a árvore do vaso, foi crescendo...  Cantavam a plenos pulmões sambas que pareciam eternizados nas almas e despertando o desejo de conhecer mais e mais sambas, de espalhar o nome dos sambistas entre mais e mais pessoas. 
Então os infiéis puseram-se a trabalhar em suas horas de folga (pois todos precisavam cavar seu sustento – e como a música de Wilson Batista “Ele trabalha de segunda a sábado. Com muito gosto sem reclamar. Mas no domingo ele tira o macacão, E manda no barracão, põe a família pra sambar” na verdade trabalhavam de segunda a sexta e nem com tanto gosto assim!) pesquisar, ouvir, trocar ideias, falar, viver e sentir o samba. 
Nasceram as homenagens, que consistiam em escolher um sambista, divulgar suas músicas, uma mini biografia,  confeccionar uma camisa com a ideia de uma das suas músicas, reunir um grupo de pessoas e cantar aqueles sambas sabendo exatamente quem tinha sido o gênio que os criou. Àquele tempo o Infiéis já eram muitos e então sentiram necessidade de uma denominação, um laço, uma associação e fundaram em 28 de fevereiro de 2007 a Associação Carnavalesca Infiéis.  Fizeram seu primeiro Baile de Carnaval no ano seguinte, na segunda feira de carnaval de 2008. A “Banda do Seu Cacau” entendeu o espírito e foi para a Praça fazer um baile que lembrava aqueles carnavais gravados nas lembranças da infância de cada um.  A Árvore rompeu o vaso, o Pagode cresceu e saiu da casa de vila lá em Vila Isabel e foi para o subúrbio. As ideias foram crescendo assim como o desejo de sambar, saber e comunicar e o Infiéis foi se inventando somando cada vez mais ideias e infiéis... 
Bem, mas essa história tem muitos capítulos e respeitando a tradição da oralidade deverá ser contada aos poucos, com a sabedoria do tempo e do lugar.

Saudações Infiéis!