Um dia, um grupo de amigos amantes do samba e do carnaval experimentaram um Banzo compreensível com o fim das comemorações Momescas. Esse banzo era o vazio deixado pela quarta feira de cinzas, a entressafra em que parece que tudo para, e o samba entra em recesso para dar espaço ao labor, como remédio resolveram se reunir um mês depois do carnaval. O lugar escolhido parecia improvável para o samba “A casa do gringo” a casa de um americano não sambista, mas muito musical. Colocaram a panela no fogo e muitos sambas a tocarem.
Sentiram-se felizes em adiar a dor do dia-a-dia na preparação de um dia de folia. Parecia que aquela época mágica em que o samba reina absoluto, tinha voltado naquela tarde de sábado. No ano seguinte chamaram um grupo de pagode, o “Só Raízes” e aquele quintal de casa de vila se transformou em um lugar religioso onde o samba era adorado, regado em caldos borbulhantes em calor aromáticos e cervejas gélidas, sem esquecer uma humilde sombra de uma árvore aprisionada em um vaso, ali a folia transpirava e germinava, deu-se o nome de Pagode da Ala dos Infiéis.
Pagode: "uma reunião íntima regada a bebida e comida". Infiéis por levarem em conta a conjunção: identificação com samba / preço, na hora de escolherem em que ala e Escola desfilariam e não suas paixões pelas bandeiras. Nascia a tradição da aparência de traição disfarçando a fidelidade ao essencial.
Aquele grupo de 20 amigos, copiando a árvore do vaso, foi crescendo... Cantavam a plenos pulmões sambas que pareciam eternizados nas almas e despertando o desejo de conhecer mais e mais sambas, de espalhar o nome dos sambistas entre mais e mais pessoas.
Então os infiéis puseram-se a trabalhar em suas horas de folga (pois todos precisavam cavar seu sustento – e como a música de Wilson Batista “Ele trabalha de segunda a sábado. Com muito gosto sem reclamar. Mas no domingo ele tira o macacão, E manda no barracão, põe a família pra sambar” na verdade trabalhavam de segunda a sexta e nem com tanto gosto assim!) pesquisar, ouvir, trocar ideias, falar, viver e sentir o samba.
Nasceram as homenagens, que consistiam em escolher um sambista, divulgar suas músicas, uma mini biografia, confeccionar uma camisa com a ideia de uma das suas músicas, reunir um grupo de pessoas e cantar aqueles sambas sabendo exatamente quem tinha sido o gênio que os criou. Àquele tempo o Infiéis já eram muitos e então sentiram necessidade de uma denominação, um laço, uma associação e fundaram em 28 de fevereiro de 2007 a Associação Carnavalesca Infiéis. Fizeram seu primeiro Baile de Carnaval no ano seguinte, na segunda feira de carnaval de 2008. A “Banda do Seu Cacau” entendeu o espírito e foi para a Praça fazer um baile que lembrava aqueles carnavais gravados nas lembranças da infância de cada um. A Árvore rompeu o vaso, o Pagode cresceu e saiu da casa de vila lá em Vila Isabel e foi para o subúrbio. As ideias foram crescendo assim como o desejo de sambar, saber e comunicar e o Infiéis foi se inventando somando cada vez mais ideias e infiéis...
Bem, mas essa história tem muitos capítulos e respeitando a tradição da oralidade deverá ser contada aos poucos, com a sabedoria do tempo e do lugar.
Saudações Infiéis!